- Caio Ribeiro
- há 6 dias
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ó capitão! meu cap! - finda a viagem tremenda,
a nave navega viva, venceu a tormenta horrenda,
premiada! a caça é nossa! portos gritam, sinos giram,
na quilha-rígida seguem olhos, povo vibra e delira;
mas - ó coração! cor-ação!
ó gotas rubras! pingos doídos!
no tombadilho jaz teu corpo,
frio-morto, cap caído.
ó cap! meu cap! - desperta! escuta os clarins!
ergue-te! - pra ti são flâmulas, pra ti os festins!
pra ti - flores, coroas, fitas, feérica gente à margem,
pra ti - massas em transe, multidões em viagem;
aqui, capitão! pai tão caro!
meu braço - teu travesseiro!
será sonho? será nevoeiro?
tombaste gelado, inteiro?
meu cap não responde - lábios lúridos, mudos,
meu pai já não pulsa - nem carne nem escudo.
a nave ancora íntegra, fim da odisséia vencida,
vem do abismo a nau-vitoriosa, missão consumida;
exulta, terra! explode, sino!
mas eu - passo calado,
no convés onde ele jaz,
frio-morto, caído-finado.
*tradução feita depois de reencontrar a cena no filme Sociedade dos Poetas Mortos