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o rio que

corre agora

inunda feliz os vales

velhos.


no peito

toda água tem notas

de música e

é assim que vibramos.


repito que eu existo

eu existo

existo


e continuo escutando o som deste rio

já quase febril

de vontade

de viver solto.


namorei uma represa,

penso. injusto.

nego.


escuto mais sons

enquanto

escrevo:


o som de alguém que você ama que está indo embora lentamente e isso não importa -

a mesma pessoa, mas com o som de sua nova surdez.

o som de tornar-se miúdo.

o teu som, o som do oceano, e o meu som.

o som de tentar queimar a chuva.

o som de uma mensagem romântica bêbada.

o som da minha cômoda guardando todas minhas roupas em outra cidade.

um estalar de geladeira.

o som de ramona na minha mente.

o som para amar um rapaz.

o som de uma fonte cheia de moedas.


e o rio

continua sendo tão frio

o nadar,

mas ele segue dentro de mim

desaguando o meu desabar

liberando o fluxo contínuo do espaço-tempo

liderando alguma coisa sem contexto

e eu

continuo sendo um

kamikaze

incapaz de

lutar.

lenta é a baia

onde repouso

a palma da minha mão

me separava em no

mínimo três

camaradas


um, tinha os olhos cansados

de tanto ter apanhado e por isso queria um soco (dar ou receber ou os dois)

outro, queria viver uma história de amor inteira numa única noite.

o terceiro, escreve este texto com inveja dos desejos

dos outros dois.

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Encontrar é o primeiro Ato

O segundo, perder.

Terceiro, Expedição até O “Velocino de Ouro”

Quarto, nenhuma Descoberta.

Quinto. Sem tripulação.

Finalmente, nenhum Velocino de Ouro

Farsa – também – Jasão.


Tradução de Caio Ribeiro*


* tradução antiguinha que reencontrei perdida pelos arquivos do computador.

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