assisti poucas coisas em
termos de filmes, desperdicei os clássicos
e tomei como nota alguns dos mais
inúteis para uma discussão inteligente
com alguém que se acha importante
assisti como exercício a vontade
de querer um brinquedo e saber
que a mãe não pode comprá-lo
observei como jogar
nos jogos
dos amigos da rua e dos vizinhos
aprendi a milimétrica
saudade que existe na observação.
estendi as horas em coisas que não eram minhas
pois o emprestado me trazia a graça do
precioso
roubei, sim,
claro.
nunca fui puro, apesar de já querer
assisti com ênfase de saliva
coisas que minhas mãos
sempre estiveram distantes.
o desejo me é estranho porque
me faz peso de penteadeiras
tocar é provar o gosto que não está visível,
a falta essa armadilha macia
que faz delirar.
o delito como prática de não esquecer
como criação de memória.
o pequeno souvenir roubado
existe até hoje como
prova
de que eu fiz.
e eu ainda
me lembro.
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