defender os poetas
da poesia
a saber que o autor morre
no segundo que o livro escorre
de suas mãos
renasce
então
o leitor
que
inaugura o poema
toda vez que lê
reside aí
a tecnologia
do poema
inaugurar-se
toda vez que é lido
um poema de mil autoras
mil auroras e mais
cem milhões de
mortes-vivas
o poeta projeta
seu poema
e lança a mão
para que aquilo
torne-se
vinte mil vezes
mais ou
cem mil vezes menos
porque
o poema
não é nada mais
que um conjunto
de alfabéticos
projéteis
a poesia é
a força
tecnológica
produzida
no tempo de uma vida
que arma
dentro do olho
de quem lê
o fato que acontece
aquele remexido
as borboletas no
estômago
a vontade de morte
a sede de vida
o ódio ou a ira
é o leitor-leitora
que
cria
e portanto
que escreve
toda poesia
que lê
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