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rosto

Caio Ribeiro

papos elétricos

e a mão nem mais treme

espaços genéricos

mas sempre cabe mais

olho e tem tudo


como pode ter tudo

num rosto


olho de novo

e parece ter mais

como pode ter tanto


num rosto?


te olhando

minha clavícula tem importância -

as erupções que outrora viriam

são apenas carência


nunca fui tímido,

mas teu rosto me mostra

que sou o mestre em me encantar

e fico de cara

que quando olho teu rosto

continua vindo

o melhor de mim


queria continuar sendo o

enfático errante

o saci travesso

eu queria continuar sendo satã

mas teu rosto

me convida a

uma reconfiguração


como pode um corpo tão pequeno

produzir, com tanto empenho, uma revolução?


tua cara

quadrada

me despena das

asas que achei ter

tua sobrancelha exata

me humaniza tanto que

me sinto irmão de um cachorro

tua cara regenera meu passado.


como pode ter tanto num rosto

às quatro e quinze na voluntários da pátria?

 
 

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© 2023 por Caio Ribeiro

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