quase um poema
- Caio Ribeiro
- 29 de abr. de 2021
- 1 min de leitura
quaresma
quarentena
olhos, boca
mãos
antenas
apenas pra ver
a tele transmissão
da paranoia
parabólica
navegando no virus
ondas e mais ondas
de abismo
"amigo,
fica em casa"
"mas quem alimenta
meus filhos?"
"eu sei é difícil
mas pense também nos meus"
eu ouvi isso
um tiro.
deita e desconecta
pensa na língua
no sabor do nectar
que tem o
não saber.
conecta pra dentro
que talvez o cometa
venha
pra trazer uma resposta
a natureza não começa
guerras
ela responde.
dialeto secular
que tira
a secura
dos olhos
lava e enxuga as mãos
mas
não tem mais,
caramba.
não tem adversativa
nem adversário
o presente
é a única chance
de mais um aniversário
nesta intensa
quaresma-quarentena
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