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quase um poema

quaresma

quarentena


olhos, boca

mãos


antenas


apenas pra ver

a tele transmissão

da paranoia

parabólica


navegando no virus

ondas e mais ondas

de abismo


"amigo,

fica em casa"


"mas quem alimenta

meus filhos?"


"eu sei é difícil

mas pense também nos meus"


eu ouvi isso

um tiro.



deita e desconecta

pensa na língua

no sabor do nectar

que tem o

não saber.


conecta pra dentro


que talvez o cometa

venha

pra trazer uma resposta


a natureza não começa

guerras


ela responde.



dialeto secular

que tira

a secura

dos olhos


lava e enxuga as mãos


mas



não tem mais,

caramba.


não tem adversativa

nem adversário


o presente

é a única chance

de mais um aniversário


nesta intensa


quaresma-quarentena

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