eu
essa fera
vestida com coração de quimera
oração pro deus
que ninguém reza
perdido entre as vezes que eu me salvo e na dor de quando me arrisco
insisto
em sempre tentar
e arrancar
alguns tufos
de cabelos
mortos
e arriscar sementes
na própria cabeça
para cultivar
uns certos
cachos
mais doces
e menos
machos
as vezes desocupado de minhas miragens quero converter o deserto em
Éden
porque
deus sempre revolve(r)
com a culpa -
atravessia dessa metáfora
é anônima pesada e rasga a asa da fábula que escrevi
pois
a asa é inventação
mas o arrancar, não
vejo os veios e entranhas
e não estranho que tirar
seja mais dolorido
que por
porque
a gente cria achando que é só criação mas passa o tempo e se acostuma com a miração e a imagem verte em paisagem que quer ser habitada
por alguma alma
armada
me desalmo
não
não quero
e não preciso ser salvo
este poema-rosário
tem espinhos e cada espinho guarda um comando
uma gota de sangue que talvez não aconteça
um espetão que nunca apareça
eu não deserto
deste deserto
ameno
esparso
incerto
eu me inseto
mas não vou
mais
me isentar.
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