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escolhendo mutar

o som

o sal


escolhendo mutar

o corpo oco

carente de

esboço

procura outro

eco pra

usar


escolhendo mutar

janela mais

aberta

pra

vista

poder

namorar


escolhendo mutar

o cheiro

nunca mais xérox

nada mais veloz

que

nós


escolhendo mutar

alfabeto

de gutenberg

na bandeja

do jantar

escolhendo mutar

a página

o muro

o

olhar.

busco entre

linhas

a vida offline

a palavra é

quase minha

por isso

me desfaz


horizonte

nunca online

fome bruta de

paisagem


tinta na tela

tem tantos

sentidos


e poesia continua

sendo

tecnologia

de ponta

de

vent-

ania


me lembro das aulas de caligrafia do colégio de freiras. nunca fiz nenhuma. não lembro como conseguia me safar semanalmente. usava o caderno para desenhar pequenas histórias dentro daquelas linhas apertadinhas. uma vez uma professora com cara de boi bravo disse "sua letra parece astronauta, fica flutuando na linha". aquele foi um dos maiores elogios que já recebi.

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