na mesa do almoço
a couve em migalhãs de mão
você e eu
frente à frente.
já tinha pensando em te transformar num poema
mas não era a hora
até aquela nossa
brincadeira idiota
de se perguntar
'você impediria seu maior inimigo de morrer?'
se transformou numa tortura
o meu garfo se tornou um arpão rápido
para aquelas acelgas
e seus olhos de de garoa
foram ficando mais
vermelhos
eu te disse alguma coisa
sobre meu sentido acabar se meu filho morrer
e depois fui lavar a louça.
desculpe.
é que existem perguntas que,
quando feitas diante dos seus olhos,
produzem erupções em algum lugar da Terra ou
do meu peito.
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