farejo
um exagero
a quilômetros
menos o meu
que ocorre
a centímetros
do rosto e dos
joelhos
sei me esquivar de lâminas
azuis e cinzas
me protejo de explosões
por onde escapam estilhaços
nenhum me acerta
mas quando a bomba
é minha
ou quando sou eu quem
serve
o coquetel motolov
tudo se desfaz
como mãos que se
desintegram em acenos
como a memória
das suas costas
naquele quarto
é de um jeito
que só consigo explicar
sendo
e as vezes
acontece durante uma frase
e tomo uma faca
e enfio sem pudor.
fico mudo de repente
meus olhos reviram e
sinto que perceberam a
intensidade ali, presente.
quem não percebe, sente.
já pensei em silêncio tibetano
voto de castidade
jurei nunca mais amar - três vezes
me fiz réu ainda hoje.
que cheiro eu tenho por dentro?
não pode ser só vermelho e
ferro - não,
ferro deve ser o
gosto.
que cheiro tem o meu exagero
que com uma narina tão
privilegiada
só consigo perceber
quando inuda toda a casa?
me fala
que eu
sou bom em ouvir
quando falam de mim.
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